O surto de dengue que atinge o Brasil já provocou 54 mortes e mais de mais de 392 000 casos da doença desde os primeiros dias de janeiro. Só no Paraná, por exemplo, foi registrado um aumento de 216,4% no número de casos entre os dias 9 de janeiro e 6 de fevereiro.
Enquanto sete óbitos foram confirmados no período, o número de casos saltou de 9.189 para 29.075.
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de um fator está ligado a explosão da doença no país. São eles:
A chegada do verão;
O impacto do El Niño, que combina calor excessivo com chuvas intensas;
Ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.
Para que você possa se proteger, o primeiro passo é tirar todas as dúvidas em relação à dengue. É por isso que o Massa News preparou o Guia de Prevenção e Informação com tudo o que você precisa saber para se proteger.
Nesta matéria, você vai encontrar respostas das perguntas mais feitas pela população em geral:
O que é a dengue?
Qual a origem da dengue?
Sintomas da dengue: primeiros sintomas e finais ou de alerta. Quais são os sinais de alarme da dengue? Quais são as etapas da dengue? O que acontece quando a pessoa está com dengue?
Dengue é transmissível?
O que é dengue hemorrágica?
O que é dengue neurológica?
Tudo sobre vacina da dengue
Qual o tratamento para a doença?
Quanto tempo o vírus da dengue permanece no corpo?
O que é a dengue?
A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica causada por um vírus, que é transmitido por um vetor. Ela varia desde casos assintomáticos (sem sintomas) a quadros graves, que podem levar à morte. Nos casos sintomáticos pode apresentar três fases clínicas: febril, crítica e de recuperação.
Qual a origem?
No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti (nome que significa “odioso do Egito), ou seja, ao ser picada por um inseto da espécie infectado, a pessoa contrai a doença.
Acredita-se que o mosquito tenha vindo da África, a partir dos navios que traziam pessoas escravizadas.
A primeira epidemia documentada no Brasil ocorreu entre 1981 e 1982, em Boa Vista, em Roraima. Em 1986, epidemias atingiram o estado do Rio de Janeiro e algumas capitais do Nordeste.
Desde então, ela se tornou uma doença endêmica no país (que ocorre de forma continuada), marcada pelo aumento de casos e óbitos em épocas de surto.
Sintomas da dengue
Os sintomas da dengue variam de acordo com a fase da doença, podendo evoluir para remissão dos sintomas ou agravar-se. Em geral, eles duram em média sete dias, com alguns adultos saudáveis se recuperando em menor tempo.
Primeiros sintomas
Febre alta, normalmente, acima de 38ºC, de início súbito e duração de 02 a 07 dias;
Dor de cabeça (cefaleia);
Cansaço;
Dor nos músculos (mialgia);
Dor nas articulações (artralgia);
Dor na parte mais profunda do olho (retro-orbitária);
Erupção/manifestação cutânea (exantema).
Sintomas finais ou de alarme
A partir do 3° e o 7° dia do início da doença, a febre começa apresentar declínio e é preciso ficar atento aos sinais ao corpo para entender se o paciente está apresentando melhora ou piora no quadro clínico.
Os sintomas finais de dengue que são considerados alarmantes indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias. Veja quais são:
Dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua;
Vômitos persistentes;
Acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
Hipotensão postural e/ou lipotímia;
Letargia e/ou irritabilidade;
Aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia) > 2cm;
Sangramento de mucosa; e
Aumento progressivo do hematócrito.
Tipos de dengue
Até o momento, são conhecidos quatro sorotipos de dengue, que apresentam distintos materiais genéticos. São eles:
DENV-1
DENV-2
DENV-3
DENV-4
Dengue hemorrágica
A dengue hemorrágica é a forma grave da doença, que tem como principais sintomas dor abdominal intensa e sangramentos.
O risco é maior quando o indivíduo sofre uma segunda infecção, o que pode ocorrer devido à existência de quatro subtipos do vírus. Pois nesses casos, o sistema imunológico reage de forma excessiva, levando a complicações hemorrágicas.
Por exemplo, uma vez infectado com o DENV-1 você ganha imunidade contra ele, mas como são quatro sorotipos diferentes continua suscetível aos tipos DENV-2, DENV-3 e DENV-4 . Ou seja, a pessoa contrai imunidade de apenas um tipo por vez.
Dengue neurológica
A chamada dengue neurológica é uma forma rara da doença e acontece quando o vírus invade o sistema nervoso, causando inflamações cerebrais.
O Ministério da Saúde inclui os casos neurológicos em uma classificação chamada dengue com complicações, que também agrega problemas hepáticos, cardiorrespiratórios e gastrointestinais associados à doença.
Ela pode surgir a partir de um quadro clássico ou hemorrágico da enfermidade. Muitas vezes, os pacientes já estão na fase de melhora quando os sintomas neurológicos começam a aparecer. Entre eles estão:
Fraqueza;
Formigamento nas mãos;
Alterações na visão.
Especialistas acreditam que o quadro pode ter relação com uma resposta exacerbada do sistema imunológico do organismo e/ou mutações do vírus que se tornou mais agressivo.
Os problemas causados podem desaparecer ou deixar seqüelas. Entre eles estão:
Dificuldades para andar e comer;
Paralisia no rosto e nas pernas;
Convulsões;
Mudanças de comportamento.
Dengue é transmissível?
A dengue não é transmissível de pessoa para pessoa com exceções para:
casos da chamada transmissão vertical (de mãe para filho durante a gestação)
por transfusão de sangue.
Vale destacar, no entanto, que esses dois tipos de transmissão são raros.
Vacina da dengue
A vacina da dengue, chamada Qdenga e fabricada pelo laboratório japonês Takeda, teve o registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023. Atualmente, ela está disponível nas redes particulares de forma paga ou através do SUS (Sistema Único de Saúde).
Para quem optar por pagar, é preciso saber que pode sair caro. Os preços oferecidos pelos laboratórios e farmácias particulares tiveram grande flutuação nos últimos 11 meses, com um aumento exorbitante após a explosão do número de casos da doença.
Atualmente, cada dose da vacina tem um valor em torno de R$ 400, sendo que o combo com duas doses (esquema vacinal completo) sai mais em conta.
Já quem optar em aguardar a vacina pelo SUS precisa respeitar o calendário de vacinação. O primeiro lote distribuído na segunda semana de fevereiro, por exemplo, é destinado à imunização de crianças de 10 a 11 anos.
Para tirar todas as suas dúvidas sobre a vacina, basta ler a matéria completa:
Vacina da dengue no SUS: quando começa, quem pode tomar e onde achar
Tratamento da Dengue
Ainda não existe tratamento específico para a dengue. Atualmente, ele é baseado no combate aos sintomas da doença e na reposição de líquidos adequada.
Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para confirmar o diagnóstico e ser orientado sobre o tratamento adequado, que também é oferecido de forma integral e gratuita pelo SUS.
Caso o paciente não precise ficar hospitalizado, geralmente é recomendado:
Repouso;
Ingestão de líquidos;
Não se automediquem;
Procurem imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme.
Retornem para reavaliação clínica conforme orientação médica.