O aumento incomum no número de casos de hepatite A em Curitiba vem causando preocupação nas autoridades de saúde da capital paranaense.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) emitiu um alerta aos serviços de saúde para redobrarem as atenções a possíveis sinais da doença e os cuidados necessários com os pacientes.
Dados preliminares levantados de janeiro a 18 de abril deste ano confirmam pelo menos 100 casos de hepatite A em Curitiba, sendo que a média histórica era de dez casos por ano.
“A hepatite A geralmente é uma doença de caráter benigno, mais comum em crianças. No entanto, os casos confirmados neste ano têm acometido adultos jovens e com gravidade, o que demanda maior atenção das equipes de saúde”, explica a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.
Dos 100 casos confirmados, 62% precisaram de internamento e 6% foram levados para a UTI. Foram registradas três mortes por Hepatite A aguda em Curitiba nesse período: uma mulher de 29 anos, e dois homens, de 40 e 60 anos.
Um homem de 46 anos precisou ser submetido a transplante de fígado em decorrência da doença e se recupera em casa. A maioria dos casos confirmados, 81%, acomete homens jovens, entre 20 e 39 anos.
Hepatite A: transmissão
Também chamada de hepatite infecciosa, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, na maioria das vezes. Mais comum em crianças pequenas, ela está ligada a questões de saneamento, higiene pessoal e à qualidade de água e alimentos.
Nos adultos, a transmissão da hepatite A também acontece por meio da relação sexual desprotegida, principalmente quando há prática de sexo oral/anal.
“O vírus da hepatite A está presente nas fezes dos indivíduos e pode permanecer vivo no meio ambiente por período prolongado, o que facilita a transmissão”, relata o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira.
Segundo ele, mesmo depois de não apresentar sintomas e ter a resolução clínica da doença, as pessoas que foram contaminadas mantêm a eliminação viral por até cinco meses. Em média, o período de incubação do vírus após a contaminação é de 30 dias, sendo que pode acontecer entre 15 e 45 dias.
Sintomas e tratamento da hepatite A
Os principais sintomas da hepatite A podem ser confundidos com os de outras doenças: fadiga, mal-estar, febre e dores musculares.
Caso a doença se agrave, os sintomas podem evoluir para enjoo, vômito, dor abdominal, diarreia ou constipação. A pessoa contaminada também pode apresentar urina escura e pele ou olhos amarelados, chamado de icterícia.
Caso apresente sintomas de hepatite A, o morador de Curitiba pode buscar atendimento nas Unidades de Saúde, UPAs e na Central Saúde Já – neste último caso, quando os sintomas forem leves.
Um profissional de enfermagem vai elaborar a classificação de risco e o paciente pode ser direcionado para uma consulta médica ou receber as orientações para seu caso.
Vacina para hepatite A
Desde 2014, a vacina da hepatite A integra o calendário básico de vacinação do SUS para crianças abaixo dos 5 anos. Todas as unidades de saúde de Curitiba oferecem o imunizante.
No Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) a vacina de hepatite A está disponível para os seguintes grupos:
Hepatopatia crônica de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C e B.
Pessoas vivendo com HIV/aids.
Imunodepressão terapêutica ou por doenças imunodepressoras.
Coagulopatias, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, hemoglobinopatias.
Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes.
Transplantados de órgão sólido (TOS).
Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
Asplenia anatômica ou funcional de doenças relacionadas.
Como prevenir da Hepatite A
Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
Usar instalações sanitárias;
No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.