Investigação da Polícia Federal sobre Eduardo e Michelle Bolsonaro
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF), afirmou que a corporação não encontrou provas suficientes para indiciar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). A declaração foi dada em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira. Segundo ele, a investigação se concentrou em elementos mencionados na delação premiada do ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, mas não foram obtidos elementos adicionais que comprovassem o envolvimento direto dos dois. “A investigação apontou elementos relacionados a outras pessoas, mas, no caso concreto, não encontramos provas que confirmassem participação dessas duas pessoas.”
De novembro a dezembro de 2024, 40 pessoas foram indiciadas nesse inquérito, entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno. O relato de Mauro Cid, homologado em setembro de 2023, descreveu três grupos distintos ao redor de Bolsonaro após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo Cid, enquanto o grupo de “conservadores” buscava transformar o então presidente em líder da oposição, o núcleo dos “moderados” rejeitava ações radicais. O grupo de “radicais”, por sua vez, era dividido entre aqueles que questionavam a integridade das urnas e aqueles que defendiam ações armadas. Eduardo e Michelle estariam catalogados nesse núcleo mais radical e, segundo Cid, incentivavam Bolsonaro “constantemente” a dar um golpe de Estado.
Reações e críticas
Em resposta às alegações, o deputado federal Eduardo Bolsonaro criticou o processo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), destacando a falta de garantias de ampla defesa. A equipe de advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro também se manifestou de forma negativa em relação ao acesso à íntegra da delação. Por sua vez, Michelle comentou as acusações, classificando-as como uma “cortina de fumaça”.
A ex-primeira-dama se defendeu dizendo que as citações a ela na delação premiada de Mauro Cid não têm fundamento. Em nota, o PL Mulher afirmou que “nunca conseguiram comprovar absolutamente nada” contra Michelle Bolsonaro, descrevendo essas revelações como mais uma cortina de fumaça por parte de adversários políticos.
Medidas Cautelares e Outras Investigações
Andrei Rodrigues ressaltou a “consistência” do relatório da PF no caso e lembrou que o ex-presidente, como qualquer investigado, pode estar sujeito a medidas cautelares “que a PF cumprirá”. Além da investigação relacionada ao golpe, Jair Bolsonaro foi indiciado em outras duas investigações conduzidas pela PF, que dizem respeito a um possível esquema de fraude no registro de vacinas e ao suposto envolvimento na venda de joias sauditadas, uma questão revelada pelo jornal Estadão. Todas essas investigações aguardam um parecer da Procuradoria-Geral da República.
Além disso, Andrei destacou a necessidade de uma regulação mais eficaz das redes sociais, alinhando-se com a política do governo Lula, enfatizando que é preciso garantir que “o que é crime no mundo real” tenha a mesma repercussão no ambiente virtual.