
A Casa da Memória Manoel Alves Pereira recebeu, na noite da última quarta-feira (19), a abertura oficial da exposição “SANKOFA: Volte e Pegue – A Presença Negra em Piraquara”, uma mostra que integra o projeto Povoando Piraquara e convida o público a revisitar a formação histórica do município sob a perspectiva das contribuições da população negra desde o século XVIII.
Com presença da comunidade, lideranças culturais, educadores e representantes de diversos segmentos sociais, o evento marcou um passo importante na valorização da memória afro-piraquarense. A proposta central da mostra é lançar luz sobre histórias e personagens que, apesar de fundamentais para o desenvolvimento da cidade, foram por décadas invisibilizados nos registros oficiais — mas permanecem vivos na oralidade, nos relatos familiares, nas tradições e em documentos preservados.
Revelando histórias que formaram Piraquara
A exposição apresenta ao público uma síntese das pesquisas em andamento sobre a presença negra no território, evidenciando experiências que moldaram a formação social, econômica e cultural de Piraquara. Entre os destaques, o visitante encontra:
A trajetória dos engenheiros Antônio e André Rebouças, figuras de relevância nacional e primeiros engenheiros negros do Brasil, responsáveis pelos estudos que viabilizaram a ferrovia Paranaguá–Curitiba — obra considerada desafiadora até para engenheiros europeus. O compromisso ético da dupla marcou época, ao defenderem que a construção não utilizasse mão de obra escravizada.
Os territórios historicamente ocupados pela população negra, espaços que contribuíram para a circulação de saberes, técnicas, costumes e práticas culturais que ainda ecoam na memória local. Essas contribuições foram essenciais para preservar elementos da cultura africana e afro-brasileira no município.
A história de Benedita da Silva, nascida no Congo e reconhecida como a primeira aposentada de Piraquara. Benzedeira, curandeira e contadora de histórias, foi guardiã de saberes medicinais e espirituais, além de transmitir às crianças lendas e causos que ajudaram a construir o imaginário popular piraquarense.
A trajetória da capoeira no município, registrada desde a década de 1970 e fortalecida por Mestres como Sergipe e Corró, além das matriarcas da família Viana, responsáveis por manter viva a musicalidade e a tradição da roda no território do Guarituba ao longo de três gerações.
Esses e outros relatos compõem um mosaico de resistência, cultura e identidade, que reafirma o papel da população negra na construção do município e inspira novas gerações a “voltar e pegar” sua própria história — como propõe o conceito de Sankofa.
“Sankofa é mais do que uma exposição: é um gesto coletivo de reconhecimento. É a oportunidade de devolvermos à população negra de Piraquara o lugar de protagonismo que sempre existiu, mas por muito tempo foi invisibilizado. Ao revisitar essas histórias, valorizamos trajetórias, fortalecemos identidades e reafirmamos nosso compromisso com a construção de uma cidade mais justa, plural e consciente de suas raízes”, disse a Secretaria de Cultura e Igualdade Racial, Patrícia Viana.
Visite a exposição
A exposição SANKOFA: A Presença Negra em Piraquara permanecerá aberta ao público até 30 de maio de 2026, na Casa da Memória Manoel Alves Pereira.
Visitação:
De segunda a sexta-feira, das 09h às 12h e das 13h às 17h.
Agendamentos para grupos:
(41) 3590-3605
A Prefeitura de Piraquara, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Igualdade Racial, convida toda a população a prestigiar a mostra e a conhecer de perto histórias que ajudaram a construir a identidade piraquarense.














